APRENDER BRINCANDO
Gibis incentivam aprendizado e leituraCada dia mais utilizados como recurso pedagógico, os gibis chegam às salas de aula para estimular o aprendizado e fazer a alegria das crianças.
Eles estão ensaiando os primeiros passos na escrita e na leitura, têm entre seis e sete anos de idade e adoram gibis. Nada mais natural que aliar, nas atividades didáticas em sala de aula, prazer, ludicidade, criatividade e aprendizado, valendo-se desse material que une literatura e artes plásticas. É o que muitas escolas de educação infantil estão fazendo, com resultados surpreendentes.
"O gibi tem linguagem visual, o que é uma ajuda instantânea na evolução do reconhecimento das palavras", diz a pedagoga Thaís Ramos Nucci Zanetti, professora do Colégio Pentágono. Ela explica que, além de ser um material de fácil manipulação, o gibi usa a letra "bastão", que as crianças reconhecem melhor, e traz uma linguagem acessível e cotidiana. "Quando descobrem as histórias em quadrinhos e conseguem compreender a linguagem, encantam-se e avançam na tentativa de leitura", afirma Thaís.
A associação de imagem e texto é uma das razões que levaram inclusive o MEC a recomendar, através dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) - que orientam e sugerem alternativas de apoio aos conteúdos disciplinares da 1ª à 4ª séries do ensino fundamental -, o uso de gibis.Na educação infantil, a utilização dos gibis permite desenvolver uma série de atividades, que vão desde a leitura e a interpretação das histórias até a elaboração de diálogos. Diante de um nível menor de dificuldade, as crianças sentem-se mais leitoras, o que representa um forte estímulo no processo de alfabetização.
A professora Thaís assinala que, nas classes do Infantil 3, ou do pré-escolar, as histórias em quadrinhos tornam-se um material de apoio importante no final do ano, quando a meninada já está mais fluente na leitura. Lembra ainda que é necessário pontuar a fala errada de alguns personagens e diz que as crianças não só reconhecem a troca de letras – marca característica do Cebolinha, por exemplo -, como também ganham desenvoltura para identificar a forma convencional da escrita.
Diversão fora de classe
A participação dos pais nesse processo começa na compra dos gibis e o ideal é que incentivem a independência da criança na sua escolha e na manipulação. Isso porque os quadrinhos não são histórias que se contam, "é mais para uma leitura pessoal".
Mesmo os pequenos, a partir dos quatro anos de idade, já demonstram interesse pelos gibis. Apesar de ainda não terem iniciado o processo de alfabetização, têm curiosidade e, no manuseio lúdico do material, encontram facilidade na descoberta das letras.
A forma de retratar o universo infantil, o estilo da escrita e o desenvolvimento dos enredos são outros elementos que atraem a atenção e o interesse das crianças. A professora Thaís observa que as histórias da Turma da Mônica ainda são as mais próximas da nossa realidade e, por isso, as preferidas pela meninada. Não descarta, entretanto, outras revistinhas, como por exemplo, as da Disney ou de super-heróis.
Uma pesquisa realizada pela Escola Superior de Administração, Marketing e Comunicação (Esamc) revela que mais de 8% dos leitores adultos começaram a ler gibis durante o processo de alfabetização. A julgar pela utilização cada vez maior das histórias em quadrinhos uma recurso pedagógico, a tendência é que essa parcela de leitores torne-se cada dia maior.
Publicação: Dezembro 2002 - Edição: 15
http://www.alobebe.com.br/site/revista/reportagem.asp?texto=248